A pardalita mentirosa
Havia muito tempo numa aldeia pequena do nosso Portugal. A aldeia era pequena com certeza mas, tinha a sua importancia desde que um senhor muito rico tinha decidido de construir uma casa com dependencias e no alongamento do predio uns pomares gigantescos. Eles eram tão grandes como duas vezes um campo de futebol. Havia pomares com macieiras, pereiras, figueiras e de pessegueiros. Depois de ter uns primeiros anos para enriquecer, o senhor foi empregando pouco a pouco os homens e as mulheres da aldeia ajundando assim estas pessoas simples a terem uma vida dourada. Além da paz que estava sempre presente na pequena aldeia, a alegria do senhor em ver seus pomares sempre dando a melhor fruta, a natureza tanbém quis meter o seu melhor. E foi assim que nos grandes pomares se instalaram familias de pâssaros de todas as qualidades. Era do simples passarinho aos pardais os mais lindos que podia haver no pais e talvez no mundo. A paz é assim que quando é respeitada so sabe fazer a gente linda e então nesse caso a natureza nunca fica atras.
Quem é inocente sabe que os passarinhos são os guardas do cèu e assim se encontram protegidos por Nosso Senhor, e tão pequenos que eles sejam encontram sempre comer e poucos são eles que morrem à fome. Naqueles pomares pensar em morrer a fome era luxo, porque cada um tinha algo para bicar, do mais pequeno caroço de maçã ao mais belo pêssego que caia de um pessegueiro. E foi assim que com a facilidade que tinham os pardais de se adptarem bem às áreas urbanizadas e à convivência com os seres humanos que nos tempos da colheita os pomares tanto estavam cheios de gente como de pardais. Estes formavam grandes bandos nos quais se distiguiam os machos com seus tons castanhos mais escuros que os das fêmeas e seus bibes pretos que se alargavam sobre o peito e ainda uma coroa cor de chocolate a fêmea ela tinha uma lista supraciliar clara. No meio daquels bandos de pardais viviam ao abrigo das aves adultas os mais pequeninos deles: os pardaizinhos.
È giro como alguns aspetos da natura se podem acomparar com os seres humanos, pelo menos no meio das crianças. Na praça da aldeia e depois das aulas terminarem as crianças brincavam uns com os outros até chegar a hora de voltar ao lar, onde iriam partilhar um jantar merecido e feito com o amor de uma mâe.
No meio dos pardais era igual, so que em vez de correr como as crianças, os pardaizinhos voavam pelos ares atràs uns dos outros. Um tentava levar um raminho para o ninho e logo outro voava atràs dele para lho roubar e cada um por sua vez fazia igual e assim pelos ares so se viam pardaizinhos brincando e chilreando. Isto era um encanto e para ainda melhor lhes falar deles vou-lhes contar uma linda historia..
Era uma vez no meio de um bando de pardais, onde todos os casais tinham seus filhinhos se distiguiam dois casais, um tinha très pardalinhos e o outro dois. Não era que estes casais eram tão diferentes dos outros mas a perca de alguns filhinhos tinha feito com que estas duas familias se tinham juntado de tal maneira que ao fim de um certo tempo so faziam uma.
O primeiro dos casais tinha então três filhinhos, dois pardalinhos e uma pardalinha, o outro tinha duas pardalinhas. Crescendo como se fossem todos irmãos, chegaram a ser adultos e assim chegou tambèm o tempo dos namoros. Uma das irmãs pardalinhas arranjou logo par e assim deixou de brincar com a irmã e os amigos para se dedicar o mais possivel à sua nova familia. Ficou a outra irmã que para não se sentir sò passava todo o seu tempo a voar com um dos pardalitos, isto foi tanto que o bando dos pardais sò lhes chamavam os inseparaveis. Pois sim, os pardais falam, na liguagem deles obviamente, so pode. Leiam a seguir.
Para bem entenderem vamos nomear os pardalitos com nomes humanos. A pardalita vai-se chamar, Belinha. O pardalito vai-se chamar, Toninho. O irmão e a irmã do Tòninho se chamarão Zè e Mariazinha.
Com que então se seguiram bem o principo da historia já entenderam que a Belinha e o Toninho andavam sempre juntos, a amizade que eles tinham um para o outro era tão grande que nenhum deles dois precisava de olhar um para o outro par saber que não estava sò. E assim se passavam os dias, novos casais de pardais se formavam e davam vida a uma multidão de filhinhos que assim que tinham as forças necessarias enchiam o ceu de alegria. Mas como se sabe quando a paz dura muito tempo algo deve acontecer para fazer estremecer este edificio por tão maravilhoso que seja é construido com fundações profundas mas frageis.
Foi então que um dia a Belinha deixou o ninho paternal para ir ter com o Toninho à beira do rio onde ele lhe tinha dito que a ia esperar. Jà tinha voado um tempinho quando se chegou ao pé dela a Mariazinha irmã do Toninho.
- Olà Belinha! Exclamou ela . O Toninho mandou-me vir ter contigo.
Ao ver a sua amiga a Belinha ficou contente mas logo ficou um pouco assustada com as palavras da Mariazinha.
-Olà Mariazinha! Responde ela tentado manter sua calma. Aconteceu alguma coisa?
As asas da Belinha batiam o ar enquanto ela esperava a resposta da amiga.
- Ai! Não, respondeu a Mariazinha muito apressada. Ele so me disse para te pedir desculpa de não poder ir ter ao rio contigo.
Ah! E serà que algo aconteceu para la não poder ir? Ele està ferido?
- Não Belinha que vais já imaginar. Sò disse que em vez de ires ter ao rio que fosses ter à praça da aldeia que ele estara la com os amigos dele.
Ao ouvir as palavras da Mariazinha a Belinha ficou tão aliviada que quase dava uma gargalhada se a amiga que parecia estar com muita pressa dava um volta de asas e desaparecia em sentido contrario de onde ela tinha chegado.
Encolhendo seus ombrinhos a Belinha vôou então até à aldeia.
No entanto a Mariazinha chegava onde estava o Toninho a espera da Belinha pousado num ramo de árvore.
- Olà irmãozinho. Disse ela toda contente.
- Olã Mariazinha. Não te esperava aqui.
Pois, estàs a espera da Belinha!
Ao ouvir o nome da amiguinha o Toninho deu um saltinho abrindo suas asas e pousou de novo no raminho da arvore.
Estou sim, é que hoje quero-lhe falar a sério.
- Ah sim! ? exclama a irmã. Então fazes bem se achas que ela o merece.
As palavras da Mariazinha atingiram o coraçãozinho do Toninho que ficou um pouco assustado.
- Que querem dizer essas palavras Mariazinha?
- Oh! Nada era sò para falar! Disse ela num modo um pouco triste.
- Olha Mariazinha, quem fala assim é porque tem algo que lhe pesa nos ombros.
- Não, não Toninho, não é nada! Tentou negar a pardalita.
- Maria! Nada disso comigo, sou teu irmão e conheço-te bem. Fala! Não fiques calada se tens alguma coisa a dizer.
- Então tà bem disse ela. Mas, não fiques mal comigo eu sò te quero bem, és meu irmão que adoro.
- Pois claro que sei, então va la fala.
- Olha é a Belinha... enquanto falava a Mariazinha baixava o olhos o biquinho dela quase tocava o pescoço do irmão e foi de voz baixinha que ela continuou. Eu vi a Belinha...Ela não estava sozinha!
- Pois devia estar com algumas amiguinhas dela. Disse o Toninho com um tom de rir.
- Não, Toninho não era com amigas mas sim com amigos, e mais ainda com um amigo.
- O quê? Espantou-se o Toninho todo sobresaltado. Então Mariazinha que te esta a passar pela cabeça em me dizeres isso. Isso é um insulto contra a Belinha. Sera que ela jà não é tua amiga e por isso estas a falar mal dela?
A voz do Toninho tinha indo crescendo em força e a Mariazinha ficou assustada e logo baixou os olhos quando uma lagrima rolou no rostinho.
- Desculpa Toninho.. desculpa, eu jà sabia que te ia magoar, mas, tinha que te contar, não é? E tu é que insististe.
- Pois sim Mariazinha, não chores, que eu vou tratar disso. Agradeço de me teres prevenido, nem todos os irmãos têm um irmã tão carinhosa.
E foi assim que depois de ter beijado a cabecinha de sua irmã com a ponta do bico que o Toninho voou pelos ares deixando detràs dele uma irmã que logo assim que ele desapareceu limpou a lagrima que tinha sido tão bem fintada e voava pelos ares como se nada tivesse acontecido.
Entretanto, o Toninho voava sem saber bem onde ia ter. As palavras da irmã batiam com èco na sua cabecinha como uma cantiga mal cantada e obsessiva. Como ele voava a volta de uma cerejeira ouviu um riso bem conhecido e pousou de repente num ramo de uma árvore.
- Ai que linda cereja Rui, obrigado.
A voz da Belinha chegou aos ouvidos do Toninho pousando no seu coração como uma grande magoa quando ele viu sua amiga na companhia do seu mais amigo e com ele tinha sempre partilhado as mais belas aventuras de infância.
- De nada Belinha, dizia o amigo, gosto que te agrade. Olha tenho que ir, mas espero te ver outra vez.
- Esta bem Rui, quando quiseres.
Como ela olhava para o Rui, uma voz a fez sobressaltar.
- Ainda bem que chego a tempo mas, se acharem que sou demais posso abalar.
- Toninho! Gritou logo a Belinha. Mas, aonde estavas esperei por ti tanto tempo?
- È o que estou a ver. Por vezes acho que tinhas muitas saudades que jà as estavas a matar na companhia de um outro, ainda por cima de meu melhor amigo. Serà que ainda te posso chamar assim, Rui?
A voz do Toninho estava dorida ele estava tão mal, que queria também sò fazer mal, a toda a gente e ainda mais aquela que lhe tinha ferido o coração.
- Toninho..tentou de falar o Rui..
- Deixa Rui, acho que o Toninho esta chateado, vai que eu falo com ele.
Não gritou o Toninho, não te quero falar, se o Rui se vai embora segue-o e esquece-me, jà cà não estou para ti.
- Toooooooo!! Gritou a Belinha assim que ele se deitava a voar pelos ares.
Atordoada com dores, um pesadelo imenso no coração a Belinha voou tambèm até ao ninho paternal aonde ela pode chorar sem que ninguem a visse. Desde esse dia nunca mais se viu o Toninho passear com a Belinha, ele la se juntava por vezes com seus amigos mas depressa desaparecia assim que o sol se punha. Toda o bando dos pardais reparou na tristeza da Belinha que até tinha perdido algum peso suas penas o brilho que elas tinham. O toninho deu seu coração a uma outra pardalinha com quem ele teve uma linda familia e os dias assim se foram passando até que um dia a pardalinha do Toninho morreu e ele se encontrou de novo sozinho. Como ele estava tentado de conchegar seus filhinhos sem realmente conseguir ouviu um riso não muito longe deles.
- Quem é que se esta a rir? Mostre-se la se faz favor.
Depois de uns segundos que pareceram durar bastante a Belinha saiu do seu esconderijo onde ela se tinha escondido para espreitar o Toninho.
- Sou eu Toninho! Desculpa, jà me vou.
Ela já se tinha preparado a voar quando ele a fez para com a voz.
- Não fica! Jà à muito tempo que não te via, por onde tens andando?
- Estive em casa de uns primos meus, a mãe morreu e eles precisavam de alguem para os aconchegar.
- È verdade disse o Toninho a quase a rir. Os pequenitos dão muito trabalho.
- Sim soube que perdeste tua companheira. Respondeu ela com a voz meiguinha. Tens muita coragem de os cuidares sozinho.
- Pois, mas, estou bem assim... quer dizer as vezes falta-me uma companheira mas, não me falta isso por enquanto. Então e tu, não te casaste? Não tens filhos?
- Não, responde a Belinha. Aquele que eu queria não me quis.
O coração do Toninho deu um salto no seu peito ao ouvir as palavras da Belinha.
- Talvez ele tenha tido suas razões!
- Se ele as teve nunca mo disse.
- Alguém que o amava de verdade lhas deu e chegou.
- Não sei quais foram essas razões Toninho mas, com certeza tu é que sabes.
- E aquele Rui em tua companhia não era uma razão?
O tom da conversa ia aumentando de tom os corações dos dois amigos batiam ambos na mesma dor.
- O Rui era teu amigo, lembras-te?
- Se me lembro, pois claro que me lembro. E era tanto que me roubou a minha namorada.
- Estas enganado ele não te roubou nada, e se aqui estou na tua companhia e que ainda hoje sou tua.
O Toninho estava espantado e quase queria se convencer com as palavras da Belinha mas, o orgulho é um defeito que por vezes sabe-se meter a frente de todos os sentimentos por mais fortes que eles sejam.
- Mas minha irmã disse-me que...
- Disse-te o quê?
- Que estavas com um amigo na vez de ires ter comigo ao rio.
- Eu ia ao rio e a Mariazinha disse-me que me estavas esperando na praça da aldeia e eu fui la, mas tu nunca apareceste.
- Claro se eu estava esperando a beira do rio como estava combinado entre nos. Mas, sera que? Belinha vem comigo...
A penas o Toninho acabava de falar que os dois iam voando e chegaram assim ao pé de um grupo de pardais.
- Toninho! Belinha! Olhem que não esperava vos ver aqui e ..e..
- Juntos!! é essa palavra que não és capaz de dizer?
- Pois é, mas Toninho porque que é que
me falas dessa maneira? Sou tua irmã e..
- Pois és minha irmã, mas serà que minha irmã não me é tão dedicada como ela o diz?
- De que é que estas a falar?
- Estou a falar para uma irmã que diz ter o bico tão doce mas que se esquece de dizer que é so de mentiras...
- Eu? .. Mentirosa?
- Sim.. Tu! E sabes bem porque esto
u a dizer isso. Não sabes ou queres que te faça lembrar?
- Não.. não quero.. Amigos jà me vou, adeus até amanhã.
Os pardais amigos da Mariazinha ficaram espantados com o comportamento da amiga que abalou sem mais um olhar para tràs. Um tempo mais tarde o Toninho e a Belinha tiveram cinco lindos pardalinhos que encantavam o ninho paternal. Ouviu-se dizer que a
Mariazinha tinha ficado tão envergonada que nunca mais pôde voar e assim um dia um grupo de humanos acharam uma pardalita morta a beira do rio.
Um pouco de lama lhe cobria o bico. Um dos humanos disse ao apanha-la.
- Uma pardala morta, com lama na boca. Algumas mentiras cantou este bico, que parece estar cheio de papas...
E este humano sabia bem do que estava a falar. Ele sabia bem que no meio dos humanos ou simplesmente no meio da natureza uma mentira pode mudar uma vida para sempre.
FIM
Gabriela Gomes da Fonseca