Capitulo 5
O palácio di Falco era tão antigo quanto a dezena de gerações que lá haviam sido criados. Localizado a algumas léguas de Florença este dominava uma colina orgulhosa de suas fileiras de vinhas e aglomerados de olivais e, pontuando uma inclinação como tantos pontos de exclamação, alguns ciprestes. Uma impressionante fachada pé combianava sutilmente os estilos gótico e renascentista, ensinando sobre os tempos que o edifício tinha passado.
Construído com dois andares, o telhado era encimado por um terraço onde a vista dava para os quatro pontos cardeais. Com o talento bem conhecido dos toscanos o arquitecto quiz misturar o seu saber-fazer com a natureza desenhando no prolongamento do terraço um jardim, onde se cruzavam as linhas de ciprestes formando caminhos assombreados. Às vezes, parecendo se encontrar, o cercas iam incrivelmente para um ângulo afiado, até se encontrarem na frente de uma linha que fazia toda a largura, fazendo como um ecrã á terra austera do cume dos Apeninos. Para o viajante que passava na descida da colina, o palácio era como um sonho contra o céu, e parecia uma porta para o paraíso. Mas era bem diferente se, a curiosidade o levava a subir o morro para abordá-lo e entrar.
Um sentimento de incompreensão espantava na frente aos quartos espaçosos e quase vazios. Um deles era a ênfase de boas-vindas pelos di Falco pela sua disposição para o sul e o terraço adjacente. Uma escadaria de pedra levando ao terraço que estava no telhado. Decorado com alguns móveis essenciais para o conforto, formava com três quartos sobre doze que continha fora da cozinha, a única parte habitada do palácio. As paredes decoradas com tecido azul guardavam os traços de pinturas de mestres que lá tinham sido penduradas.
No início da tarde Giuseppe Pisani Conde di Falco e seu filho Francesco estavam perto de uma fonte, decorada no centro por um demônio de bronze segurando nas suas mãos uma jarra de onde fluidizava límpida a água de um nascente. Seis vestais de mãos dadas faziam uma roda á volta dele.
Enchendo um copo de água na fonte, Francesco di Falco aproximou-se de seu pai sentado num banco à sombra de uma cerca e lhe entregou.
- Grazie Francesco, disse ele, é refrescante. Esta água é a melhor néctares com este calor.
Colocando o copo vazio ao lado dele, ele fixou seu filho de seus olhos do mesmo verde escuro como os ciprestes.
De estatura mediana, Francesco tinha um corpo nervoso e flexível. Cabelos encaracolados escuros e feições delicadas emolduradas no nariz ligeiramente adunco. Olhos verdes herdados de seu pai ensombrados por longos cílios negros que pesavam as pálpebras, traindo as inclinações secretas do rapaz. Ele estava vestido com calças e uma camisa de manga curta, cuja brancura contrastava com o mastro de sua pele. Francesco era lindo. A beleza encantadora dos di Falco era o sinal particular da família, nem a idade nem os excessos com quais eles estavam familiarizados não conseguiam alterá-la. Acrescentada ao seus egos desmesurados ela subjugava e metia medo aos que os rodeavam. Giuseppe e Francesco eram a prova viva de sua diferença de idade que só se notava com algumas rugas no rosto do cinquentenário Giuseppe.
Se os casamentos consanguíneos tinham contribuído para melhorar a beleza das primeiras gerações, no entanto também tinham gradualmente alterado suas vitalidades e a suas capacidades de cérebro, gerando o estado de deliquescência de alguns membros da família.
As mulheres em particular, tinham filhos com muita dificuldade e caiam rapidamente numa melancolia da qual nada as podia tirar. Diante dessa inevitabilidade, Francesco passou a ser o último descendente, Giuseppe di Falco partiu da prática estabelecida por seus antepassados, trazendo sangue novo, permitindo que a linha continuasse.
- Sua namorada já deve estar a chegar, vê se lhe fazes boa cara.
- Eu e seu pai, conforme necessário.
- Não é só necessário, mas é vital para que o nosso nome não se apague. E pensa na fortuna que nos traz.
Francesco suspirou antes de as alegações finais de seu pai.
- Não vou discutir isso pai, porque a vida só pode ser dada por uma mulher, mas nunca me peça mais do que suficiente. Uma vez que é fertilizada, você terá toda a autoridade para fazer dela o que quiser. Quanto à sua fortuna, ficarei feliz em usá-la, pois é a única coisa que as mulheres trazem para realmente ajudar.
Com estas palavras Francesco levantou-se e caminhou até a fonte e colocou a cabeça sobre a água fria. A água deixou sua marca na sua camisa quando ele se levantou. Cabelo e rosto com água escorrendo ele parecia saído de uma pintura de Rafael.
- Ai vem a carroça. Vamos acomodar a Chiara.
A voz de seu pai, que havia se aproximado da borda do convés para o horizonte, seguiu-o enquanto se afastava no jardim, dirigindo os seus passos em direção a uma cerca próxima onde um jovem valete tão fino e frágil que uma garota havia adormecido. Os passos de seu mestre, ele levantou-se rapidamente e seu rosto se iluminou com um sorriso angelical, enquanto uma mão acariciava Francesco apoiava no seu pescoço convidando-o a ajoelhar-se diante dele. Sem resposta do seu filho Giuseppe olhou para o jardim por cima do seu ombro e caminhou em direção as escadas para o andar inferior.
- Apressa-te não queres que ela encontre seu noivo ocupado dessa maneira.
O barulho de uma respiração rápida acompanhou seus passos nas escadas. Aniquilando da sua mente tudo o que o lhe dava vontade de matar o vício de seu filho, Giuseppe entrou no salão principal para o saguão e saiu pela porta grande e maciça do palácio quando o carro parou. O rosto sorridente de Sylvia Maltese apareceu na janela do veículo enquanto ele ia ao encontro delas com as mãos estendidas.
- Signora Maltese que alegria vê-la. Vocês tiveram uma boa viagem, apesar do calor?
- Insuportável, disse ela, fazendo vento com suas mãos para sua cara.
Apressado um servo abria a porta do treinador. Com base na mão de Giuseppe, Sylvia saiu deixando a passagem para Fabio e Chiara.
A silhueta de Fabio fez uma sombra sobre o beijo na mão que demorava além da razão. A voz do Giuseppe estava ligeiramente velada, quando ele se virou para cumprimentá-lo.
- Bem-vindo Fabio Maltese, estamos finalmente juntos para o bem dos nossos filhos.
- Boas tardes Giuseppe, disse o Fabio, estendendo o braço a sua filha. O bem deles, pois sim suponho que é disso que vamos falar.
- Chiara você está radiante. Então, entramos, que a frescura do palácio é mais saudável que este calor, o seu namorado já está á nossa espera.
Quando ele terminou a voz rouca de Francesco se fez ouvir.
- Bem-vinda Signora Maltese..... Chiara. Ele chegou-se até a sua noiva e colocou um leve beijo na mão dela.
Chiara segui Francesco dentro do palácio e foi com ele até a sala onde os pais de Chiara e seu pai já tinham resolvido beber uma bebida fresca. A escuridão que prevalecia não escondeu aos olhos de Giuseppe a ligeira vermelhidão que permanecia nas bochechas do seu filho, depois do prazer que lhe havia dado o valete. Ele então retornou para Chiara cujos olhos azuis não deixavam Francesco do olhar, um brilho de paxão podia se ler nos olhos dela. Era sua imaginação, ou o calor estava-lhe a trocar as vistas? Ele poderia jurar que essa paixão não era destinada para seu filho, parecia que Chiara procurava através Francesco a memória de um outro. Em qualquer caso, seu instinto o alertava de um perigo para a ambição que ele se tinha prometido para perpetuar sua família. Com a atitude do seu filho, afastando-se da rapariga, Giuseppe ficou impaciente e convencido que mais do que antes que ele ia dever lutar para que seu filho asfixia-se seus excessos sexuais.
O dia chegava ao fim, levando com ele o calor opressivo do sol. Depois de uma refeição saudável servida no jardim, os pais observando de um olhar atento a noiva e o noivo caminhando lado a lado nas ruelas verde do terraço.
- Então, não diz nada, minha cara namoradinha?
- Você Também não, Francesco.
- Sim, de fato, somos dois avarentos de palavras, diremos.
De repente, Francesco parou e segurou Chiara pelo seu braço.
- Se antes eu não tive vontade de falar sobre coisas complexas com você, hoje eu senti alguma coisa mudada com você. Na verdade desde o minuto em que você chegou eu senti isso. -Marcando uma pausa antes do rosto aterrorizado de Chiara, depois com um dedo carinhoso ele fez um sulco em seu rosto enquanto ele acrescentava.- Se já pensa num outro homem é melhor saber que não vou tolerar. Enquanto não for minha, e me dá um herdeiro, depois você poderá fazer o que quiser, nada em você me interessa se é da sua fortuna. É melhor que você sabe que eu tenho outros gostos para os negócios da cama e eu gosto disso. Nem para você ou para outra fêmea eu não mudarei. Aceite o que eu sou e tudo ficará bem entre nós.
Diante o fluxo de palavras pejorativas de Francesco, Chiara tentava livrar-se de seu abraço que a repulsa cada vez mais.
- Eu não pretendo mudar nada de qualquer maneira em você. Mantenha sua preferência, desde que você não tem a minha. Sim amo outro homem, e só ele será o meu amor. Vê assim tudo está claro entre nós . Nesta vou o deixar, tenho grande desejo de descansar.
Antes de Francesco possa responder, ela já se tinha libertado e caminhava apressada para o quarto que lhe tinha sido atribuído.
Vendo o seu filho de volta sem a namorada, Giuseppe ficou preocupado.
- Perdeste tua namorada Francesco?
- Não pai, está cansada e pediu para ir descansar. Realmente as mulheres que são uns seres tão frágeis que só sabem pedir descanso.
- Oh! Você está a exagerar Francesco exclamou Sylvia.
- Realmente, minha senhora, então diga-me porque a minha namorada tão carinhosa não está aqui comigo?
Após esta resposta afiada, o silêncio instalou-se entre eles. Os maxilares cerrados Giuseppe fixava seu filho, ele não tinha nenhuma dificuldade para adivinhar a única razão da ausência de Chiara com o seu filho. Tarde da noite, quando todos estavam dormindo, Giuseppe observava do terraço a lua cheia que iluminava a Toscana e fazia sombras sobre o seu corpo nu. Um momento seu rosto assumiu um ar de sofrimento como se há muito tempo ele o escondia à vista de outros e que só o mostrava diante de um momento de solidão. Ele estava prestes a se aposentar, quando um movimento no caminho que conduzia para baixo do morro o alertou. Um cavaleiro galopava a toda velocidade em direção à aldeia abaixo. Francesco ia para um encontro amoroso com o filho de um tecelão rico e que se tinha tornado seu amante.
- Ha! meu filho, isto deve acabar. Por todos os meios hei de impedir-te destruir as minhas expectativas.
Com estas palavras, sussurradas para ele mesmo, Giuseppe entrou em seu quarto, onde uma cama adornada por o corpo nu de Sylvia estava esperando.
A gôndola deslizava na água verde. No silêncio da madrugada, apenas o marulhar da água quebrava o silencio. O Squero (1) posicionava a grande haste para a mergulhar na água profunda, exercendo uma impulsão que fazia se mover a gôndola no canal. Os dois amantes instalados sob o felzes, (2) há muito tempo que tinham adormecido. Mais uns metros e a gôndola virou para a esquerda. De repente, a haste bateu num obstáculo. Surpreendido, o gondoleiro empurrou um palavrão, examinando o meia escuridão da noite que tardava a deixar-se substituir pelo dia. Em frente à gôndola e deslizando à sua esquerda um cadáver flutuava na água. Alertado pelos gritos do Squero o homem deitado na cabine levantou-se e abriu as cortinas de seda, que teve a cautela de fechar para esconder do olhar dos outros a mulher que o acompanhava.
- O que é que se passa Marco? Por que esses gritos?
- Um cadáver signore, na água, é uma mulher.
- O que você está dizendo, uma mulher?
- Sim signore, veja por si mesmo.
O homem caminhou cautelosamente em direção à parte traseira da gôndola e distinguiu o cadáver, cuja face voltada para o céu tinha emprestado de sua máscara mortuária, o mais atormentado. Antes mesmo que ele salte para o cais e saia o corpo da água ele soube que como os outros este também tinha um buraco no peito onde faltava o órgão torácico que dava o impulso á vida.
- Então aqui está a terceira. Mas o que é que tem Veneza? Qual é o monstro que se esconde na sereníssima e faz tais coisas.
- O que está acontecendo? Valeria perguntou saindo da cabine.
- Cara Mia retorna deitar-te, eu não quero que vejas isso.
Alisando um grito com a mão sobre sua boca,Valeria voltou para a cabine. Ao deitar sobre a cama seu rosto estava sereno.
Passando a mão pelos cabelos o homem suspirou, contemplando o cadáver com um misto de piedade e nojo. Por um momento ele pareceu perdido em pensamentos tão obscuros, que o rosto dele ainda estava tenso quando o seu rosto foi iluminado pelos primeiros raios do sol, prometendo desdo o amanhecer, mais um dia de calor opressivo. Com a ajuda de Marco o homem carregou o cadáver na gôndola e saltou a bordo.
- Marco, vira a gôndola, vamos acompanhar a senhora Valeria até ao seu palácio, e depois levas-me ao palácio do Doge.
- Si signore.
Pé na frente de Marco que manobrou para o próximo cruzamento para virar, Enzo di Rivaldi perdia o seu olhar negro na silhuetas dos palácios imponentes que cercavam o canal San Marco. Adjacente à entrada do Grande Canal Veneziano aparecia o edifício gótico imponente do palácio dos Doges.
(1) = Squero gondoleiro
(2) O FELZE
As gôndolas eram utilizados para o transporte de passageiros. Para preservar os elementos e olhares, às vezes eles eram cobertos com telhados arredondados, Felze.
Capitulo 6
Os apartamentos privados do Doge eram localizados no primeiro andar da ala principal com vista para o Rio di Palazzo e adjacente à ponta da Basílica de San Marco. O Doge podia assim ir para a Basílica, sem ter que sair do palácio, o que lhe garantia uma maior segurança: um factor a guardar em conta quando se sabia o número de Doges que eram assassinados em Veneza.
Composto por dez divisões, todas com vista para o canal, as salas de recepção e cerimônia davam para a quadra. Riquissimas de beleza as salas tinham os tectos com estuques impressionantes. Pinturas de Veronese, Tintoretto, ou Carpaccio, lindamente decoradas com molduras douradas as quais vinham-se adicionar as magnificas lareiras de Antonio e Tulio Lombardo.
Alvise Mocenigo I, octogésimo quinto Doge de Veneza, estava em pé atrás de uma grande janela. Os seus olhos deslizavam de forma pacífica sobre o canal San Marco. Vestido com seu vestido longo preto e usando sua Berretta, ele respondeu com voz alta ao bater na porta.
- Entre.
- Por favor messier, perdoe-me por incomodá-lo a esta hora da manhã, mas era urgente que o visse e falasse com você.
Enzo di Rivaldi tinha tomado um tom respeitoso, mas apressado, alertando a preocupação do doge. Vestido com uma túnica simples e meias pretas manchadas de sangue, Enzo sentou-se numa cadeira austera apontada pelo Doge.
- Está perdoado messier di Rivaldi. Mas o que há tão urgente para se apresentar na minha frente assim vestido?
- Para o que eu tenho que lhe dizer, vai esquecer rapidamente o meu vestuário. Outra mulher foi encontrada esta manhã no canal. E tem o mesmo buraco escancarado no peito.
- O coração messier e o coração?
- Desaparecido! Enzo disse, olhando para baixo desapontado. Devemos agir, é a terceira, isto mostra que um desviante percorre as nossas ruas. Os cidadãos não estão em segurança, devemos cuidar disto rapidamente.
- É diabrura! Que mente atormentada pode encontrar uma utilidade com o coração de uma mulher? Perguntou o Doge como se falasse para si. - A resposta a esta pergunta pode permitir-nos estabelecer uma liderança séria. Eu apoio as investigações. Você receberá toda a ajuda e as permissões do meu selo pessoal.
- Eu, messier? Mas eu sou um banqueiro e ... não sou especialista neste tipo de investigação.
- Basta! O Doge interrompeu a elevação com uma mão imperiosa. Junte-se a mim para o almoço, precisa de ganhar forças.
Graciosamente concordando Enzo seguiu o Doge. Enquanto eles estavam discutindo o servo colocou diante deles pão branco, queijo e duas tigelas de leite quente.
- Como eu disse, tudo vai estar disponível para você liderar nesta investigação.
Aos protestos que Enzo estava prestes a renovar, o Doge ressuscitou a mão e continuou o seu monólogo.
- É verdade que eu poderia envolver o Conselho dos Dez. Mas na verdade isto nos faria andar as voltas. Esses homens me esconderiam informações ...
- Estou muito grato pela confiança que você me está a mostrar, mas por que você acha que estão escondendo algo? Você suspeita alguém que possa tocar de perto esta desgraça?
Terminando a sua tigela de leite o Doge colocou-a sobre a mesa e levantou-se. Mãos atrás das costas, ele foi para o mesmo lugar antes da janela grande. Enzo, que não tinha tocado a sua comida também se levantou e ficou a poucos passos dele.
- Messier, seu silêncio é preocupante. Quem você suspeita?
Nas palavras de Enzo di Rivaldi o Doge virou-se e encarou-o.
- Eu não tenho nenhuma dúvida. Duvido, porém, que um insano é o único assassino, eu penso a um grupo mais consistente. Eu não ficaria surpreso se descobrir a virgindade da terceira vítima.
Enzo abriu os olhos para o óbvio, que de repente lhe apareceu.
- Satanismo? É a isso que você pensa.
O duque franziu as sobrancelhas para que o banqueiro.
- Você parece ser conhecedor sobre o assunto. Tem amigos entre essas pessoas? Perguntou o Doge amargo.
- Não messier e com toda a honra, mas é verdade o que ouvi rumores sobre essas pessoas horríveis.
- Então, então messier di Rivaldi disse o Doge levantando o braço, não duvido da sua integridade, caso contrário eu não iria colocar minha confiança em você.
Enzo di Rivaldi curvou a cabeça em concordância, e perguntou.
- O que você espera de mim Messier?
- Os métodos convencionais não vão levá-lo a lidar com este tipo de quimera. Infiltre-se, torne-se um deles e, com a ajuda de Deus, descubra a praga responsável por esses crimes.
- Messier, se faço isso ...
Sem deixá-la terminar o doge disse.
- É escusado dizer que vai ser coberto, este é o documento que vai agir para provar sua inocência quando for preciso.
Enquanto falava o Doge tinha-se dirigido ao seu escritório no qual estava pousado um rolo de papel.
- Assine abaixo, isto prova o acordo entre nós.
Enzo pegou no papel e desenrolou-o. Percorrendo o texto colocou-o sobre a secretária e, em seguida, assinou com uma pena. Rolando-o novamente, ele entregou-a ao doge.
- Messier por minha honra, e porque você confia em mim, vou tentar fazer todos os esforços para desmascarar esses demônios.
- Se a sua devoção a Nosso Senhor é escarlate, você não vai se perder nos caminhos do mal. Nunca se esqueça disso. Há lugares no mundo, visitados por esses horrores, que torturaram sua alma. Seja forte.
Numa última saudação Enzo di Rivaldi virou-se e caminhou em direção a porta pela qual ao mesmo tempo, entrava o servo para limpar a mesa. Por trás da janela o Doge olhava o Enzo saltar para a gôndola, que começou a deslizar sobre a água.
- Messier, disse uma voz misteriosa nas suas costas.
Sem se virar o doge ordenou com uma voz áspera:
- Siga-o! Traga-me todas as suas ações.
Com um sinal da mão, despediu a sombra que se tinha infiltrado na sala após a saída do banqueiro.
1570-1577 dogat de Alvise Mocenigo I durante o seu reino ocorreu a batalha de Lepanto.